O futuro HR Tech e hype: insights do Think Tank AI | Koru
A primeira edição do Think Tank AI, a maior chamada de cases de Inteligência Artificial aplicada ao RH no Brasil, aconteceu durante o Cabernet Franco 2025, encontro que reuniu mais de 60 lideranças de Recursos Humanos em São Paulo. Promovido pela comunidade Koru do Papo de CRHO, o evento contou com o apoio de parceiros como Kinp Group, Monashees, DigAí e The Bakery.
Foram dezenas de projetos inscritos, refletindo o avanço da IA no setor, e a final premiou cinco cases de destaque, reconhecidos por seu impacto estratégico e humano na transformação do RH.
O evento mostrou, de forma concreta, como a IA já está transformando o presente e definindo o futuro do trabalho. Foram apresentados cases exclusivos da IBM e da DigAí, que estão revolucionando processos de recrutamento, entrevistas e experiência do colaborador.
Além disso, o CEO da Koru, Daniel Spolaor, palestrou e apresentou cases de sucesso da empresa, e o sócio-fundador da Kinp Group, Paulo Bivar e CHRO da monashees, Aline Esteves, ofereceram uma análise aprofundada sobre o cenário de HR Tech e os impactos da IA no Brasil e no mundo.
Confira os insights do evento neste artigo!
A maturidade da IA aplicada ao RH
Mais do que um prêmio, o Think Tank AI se consolidou como um observatório de inovação em gestão de pessoas. O objetivo do evento foi mapear e reconhecer tendências e aplicações consistentes de IA que já estão impactando o cotidiano das empresas brasileiras.
Os cases submetidos foram avaliados por um júri composto por Daniel Spolaor, Paulo Bivar, Marcelo Assahina, Aline Esteves, Arlindo Galvão e Gabriela Kuchinski, com base em critérios como sofisticação tecnológica, impacto comprovado, relevância em escala, evidência de resultado e disrupção.
Entre os finalistas, cinco projetos se destacaram por traduzir a promessa da IA em ganhos concretos para pessoas e negócios.
Os cases finalistas: a IA em ação no cotidiano das organizações
Confira os finalistas premiados do evento:
Alli e iLeader – iFood
O iFood apresentou duas soluções integradas — Alli e iLeader — voltadas à personalização da experiência do colaborador e à formação de lideranças orientadas por dados.
A Alli atua como uma assistente interna inteligente, oferecendo conteúdos e recomendações personalizadas com base no perfil e nos objetivos de cada profissional.
Já a iLeader utiliza IA para interpretar dados comportamentais, indicadores de engajamento e performance, apoiando gestores na tomada de decisão sobre desenvolvimento e sucessão de lideranças.
Essas iniciativas representam o avanço de um novo paradigma: RH como plataforma de experiência, no qual tecnologia e dados sustentam o aprendizado contínuo e o crescimento individual.
IA Mari – Andrea Krug | Grupo Martins
Idealizada por Andrea Krug e implementada no Grupo Martins, a IA Mari é um exemplo de inteligência artificial humanizada. A ferramenta automatiza comunicações internas e atendimento a colaboradores, respondendo dúvidas sobre benefícios, políticas e processos, e adaptando o tom de voz conforme o contexto da interação.
Por trás da aparente simplicidade, a IA Mari opera com processamento avançado de linguagem natural (PLN), que permite compreender nuances, intenções e sentimentos nas mensagens. O resultado é uma interface que melhora a experiência interna, reduz demandas operacionais e fortalece o senso de pertencimento — um diferencial competitivo cada vez mais estratégico.
Case Overlap – Mapa de Talentos
O Case Overlap, desenvolvido pela Mapa de Talentos, aplica modelos de aprendizado de máquina para analisar dados de comportamento, desempenho e engajamento, com o objetivo de mapear potenciais de liderança e prever padrões de desenvolvimento.
A solução transforma dados dispersos em mapas de talento dinâmicos, orientando decisões sobre promoção, treinamento e retenção. Trata-se de um avanço rumo a um RH preditivo, em que decisões humanas se baseiam em evidências e análises probabilísticas, não apenas em percepções subjetivas.
Talentina – FBS Holding
A Talentina, iniciativa da FBS Holding, une IA generativa e algoritmos de matching inteligente para conectar talentos a oportunidades de forma mais justa e inclusiva.
A ferramenta considera competências técnicas, fit cultural e potencial de crescimento, reduzindo vieses e promovendo diversidade.
Além de acelerar contratações, o sistema gera insights sobre representatividade e inclusão, permitindo que empresas acompanhem indicadores de diversidade com transparência e base empírica.
O projeto demonstra como a tecnologia pode ser uma aliada poderosa da equidade, quando desenhada com propósito e governança.
Tendências em HR Tech apresentadas no Think Tank AI
O Think Tank AI destacou que o futuro do RH não está apenas na adoção de tecnologias, mas na capacidade de integrar sistemas, processos e inteligência para gerar valor. Entre os temas mais recorrentes:
Integração de sistemas e eficiência operacional
Uma das provocações centrais do evento foi sobre como as empresas lidam com silos de informação e excesso de sistemas. Como apontou o case da IBM, que reduziu seus sistemas de RH de 600 para 60: a integração permite reduzir redundâncias, liberar recursos e focar em processos estratégicos, em vez de operacionais.
Ética e governança: a nova fronteira da confiança
Daniel Spolaor destacou que a expansão da IA no RH traz novos dilemas éticos, como privacidade de dados, vieses algorítmicos e uso responsável das informações comportamentais.
Segundo ele, “A confiança será o ativo mais importante da próxima década — e ela depende de transparência no uso da tecnologia”.
Os finalistas do Think Tank AI demonstram preocupação crescente com governança algorítmica, criando protocolos internos para validação e revisão de modelos.
Esse cuidado marca um novo estágio de maturidade: a IA deixa de ser apenas ferramenta e passa a ser um agente cultural dentro das empresas.
A discussão mostrou que não basta adotar ferramentas isoladas de IA ou automação; é preciso pensar no RH como um ecossistema, onde cada solução comunica-se com o todo, desde recrutamento até desenvolvimento e desligamento.
Inteligência artificial aplicada ao RH
O uso de IA foi tema recorrente, mas com alertas claros:
- Automação deve liberar os profissionais de tarefas repetitivas, não substituir decisões humanas.
- Governança e compliance são essenciais, como evidenciado pela atenção às leis nos EUA sobre entrevistas conduzidas por IA.
- A implementação de agentes digitais exige gestão de performance, treinamento e integração com sistemas existentes, como demonstrado pela IBM.
Um dos pontos de destaque do evento foi o alerta sobre governança e risco legal. Nos Estados Unidos, já existem ações judiciais coletivas (class actions) contra plataformas de IA usadas em recrutamento, como o caso envolvendo a Workday, acusada de vieses discriminatórios em triagens automatizadas.
Além disso, estados como Illinois, Colorado e Califórnia já aprovaram legislações que regulam o uso de IA em entrevistas e seleção, exigindo transparência nos critérios de decisão e no uso de dados pessoais.
“Isso vai chegar ao Brasil mais cedo do que se imagina”, alertou Bivar. “E se a legislação vier espelhada, o impacto pode ser severo para quem usa IA sem governança.”
Experiência do colaborador e feedback contínuo
Outro ponto debatido foi a necessidade de colocar o colaborador no centro da tecnologia. A Diga Ai mostrou como IA pode entrevistar candidatos, fornecer feedback individualizado e aumentar a eficiência do recrutamento, garantindo inclusão e redução de vieses.
O valor real da tecnologia para o negócio
Paulo Bivar e Aline Esteves trouxeram uma visão provocadora: não se trata de adotar tecnologia pelo hype, mas de entender o que realmente gera valor para o negócio, os colaboradores e a sociedade. Eles enfatizaram que avanço tecnológico sem aterrissagem prática é pouco útil, e que o RH precisa liderar esse movimento com estratégia, não apenas operação.
Recém-chegados do HR Tech Conference, em Las Vegas (EUA), ambos trouxeram uma leitura crítica e madura sobre o estágio global da IA aplicada ao RH — com ênfase em integração, governança e retorno sobre investimento (ROI).
O ponto central? A era da experimentação acabou. Agora, o desafio é fazer a IA funcionar na prática, de forma ética, integrada e mensurável.
Para Aline Esteves, o grande aprendizado é que a IA só gera valor quando está integrada à operação como um todo — e não como ferramenta isolada. Segundo ela: “Não adianta o RH adotar soluções descoladas, como se fosse um quebra-cabeça de ferramentas. É preciso pensar o sistema inteiro: do onboarding ao desligamento.”
Essa visão foi reforçada por Bivar, que observou que muitas empresas ainda acreditam que basta “ter IA” para ser inovadora, mas não se preocupam em garantir interoperabilidade, curadoria de dados e governança algorítmica. O resultado é o oposto: processos redundantes, dados dispersos e pouca eficiência.
Cases de destaque
Os cases apresentados no evento foram:
Case DigAí – IA no recrutamento
A DigAí apresentou uma solução de entrevista por áudio via WhatsApp, capaz de analisar respostas técnicas e comportamentais de todos os candidatos, oferecendo feedback personalizado e análises de performance.
Impactos mensuráveis:
- Redução de 48 horas por mês no time de recrutamento do Nubank.
- Aumento de adesão aos processos de seleção de 40% para 83% em grandes empresas.
- NPS do candidato acima de 9, mostrando engajamento e satisfação.
O case evidencia que tecnologia de RH deve ser inclusiva, prática e orientada a valor, transformando processos tradicionais em experiências eficientes e humanas.
Case IBM – Automação inteligente e RH estratégico
A IBM implementou uma estratégia de automação integrada e uso de IA generativa para melhorar a experiência do colaborador, reduzindo complexidade, acelerando processos e liberando os profissionais de RH para atuar em funções estratégicas.
Principais resultados:
- 40% de redução no orçamento operacional de RH.
- 75% de melhoria na velocidade de execução das transações ($5M+ em produtividade).
- IA auxilia na criação de agendas, apresentações e direcionamento de casos complexos, mantendo decisões humanas.
O case demonstra que inovação em RH não é apenas tecnologia, mas repensar processos, integração de sistemas e governança para criar valor tangível e mensurável.
Lições e provocações para o RH
O Think Tank AI não foi apenas sobre tecnologia, mas sobre provocação estratégica:
1. RH como protagonista estratégico: tecnologia deve servir à estratégia, não apenas à operação.
2. Integração e visão holística: ferramentas isoladas não entregam eficiência; é preciso enxergar o RH como ecossistema.
3. Gestão da mudança e comunicação: adoção de novas tecnologias depende de psicologia organizacional, treinamento e engajamento.
4. Medir valor e ROI: cada projeto de tecnologia deve gerar impacto mensurável, seja em eficiência, experiência do colaborador ou geração de novas receitas.
5. Preparar para a liderança digital: RH precisará liderar equipes híbridas de pessoas e agentes digitais, garantindo ética, governança e performance.
Conclusão
O Think Tank AI reforça que o futuro do HR Tech é estratégico, integrado e centrado no humano. Não se trata de adotar tecnologia pelo hype, mas de transformar processos, gerar valor mensurável e preparar o RH para liderar a inovação na organização.
Ao combinar discussões de líderes globais, cases de aplicação real e insights provocativos, o evento oferece um mapa do que funciona, do que é tendência e do que exige atenção. Para o RH, a mensagem é clara: é hora de investir em tecnologia com propósito, integração e foco no impacto real para pessoas e negócios.
Acompanhe o ritmo do mercado e leve sua equipe adiante. Fique por dentro de eventos, insights e formações da Koru para preparar seu RH para o futuro do trabalho.