Como promover a equidade de gênero no mercado de trabalho | Koru
Quando uma organização prioriza práticas inclusivas e justas, além de construir um ambiente mais ético e saudável, ela colhe resultados concretos: mais inovação, melhor desempenho financeiro e uma reputação sólida no mercado. Uma das perguntas frequentes neste cenário é: como promover a equidade de gênero no trabalho?
Neste artigo, vamos sair do discurso e partir para a ação. Saiba como empresas podem colocar em prática políticas eficazes e mensuráveis para promover a equidade de gênero de verdade.
Vamos explorar casos reais de quem já está fazendo a diferença e mostrar como a sua organização pode seguir esse mesmo caminho – com sucesso e responsabilidade.
O que significa equidade de gênero?
Equidade de gênero vai muito além da simples igualdade formal. Trata-se de um princípio fundamental que busca garantir que mulheres, homens, pessoas trans e pessoas não-binárias tenham as mesmas oportunidades de acesso, desenvolvimento e reconhecimento profissional, levando em consideração suas necessidades e realidades específicas.
A principal diferença da equidade para a igualdade é a abordagem:
- Igualdade busca tratar todos da mesma forma.
- Equidade busca compensar as desigualdades históricas e estruturais que impedem grupos minorizados de terem um ponto de partida justo, criando condições justas para que todos possam alcançar o crescimento.
O que é equidade no trabalho?
No contexto corporativo, a equidade de gênero é um conjunto ativo de políticas, práticas e cultura organizacional que visa garantir que todos os indivíduos tenham um ponto de partida justo para o sucesso.
Isso significa ir além da igualdade de tratamento para assegurar o acesso igualitário a:
- Recursos e desenvolvimento: Oportunidades de treinamento, mentoring e sponsorship.
- Cargos de liderança: Representação proporcional em posições de alto escalão.
- Remuneração justa: Eliminação da disparidade salarial entre gêneros.
A equidade exige ações que promovam ativamente a inclusão e a diversidade em todos os níveis da organização. Para garantir que essas ações gerem resultados reais, a medição é essencial.
Relatórios do Fórum Econômico Mundial e da ONU Mulheres servem como referências globais para o acompanhamento de indicadores, ajudando as empresas a alinhar suas práticas com os padrões internacionais e a garantir que a inclusão se traduza em valor de negócio.
Leia também: O que é diversidade, equidade e inclusão nas empresas
O que é discriminação de gênero no trabalho?
Discriminação de gênero no ambiente de trabalho ocorre quando profissionais são tratados de forma desigual com base em seu gênero, seja em contratações, salários, promoções ou na distribuição de tarefas estratégicas. Essa prática reduz a produtividade, aumenta o turnover e compromete a reputação empresarial.
O Brasil ocupa o 118º lugar em igualdade salarial, segundo o Global Gender Gap Report 2025, e a participação feminina em cargos de liderança ainda é limitada (Agência Brasil).
Além disso, o relatório do Tribunal de Contas da União (TCU), “Revisão de Políticas Públicas para Equidade de Gênero e Direitos das Mulheres”, cita o estudo do BID que apresenta o seguinte apontamento: embora as mulheres representem quase 60% do funcionalismo público, apenas 18,6% ocupavam cargos de liderança — o que coloca o país entre os piores desempenhos do grupo analisado. Ao detalhar os níveis hierárquicos, os dados mostram que a presença feminina era de 19,3% no nível 4 (diretora), 22,1% no nível 3 (subsecretária) e apenas 9,1% no nível 2 (secretária).
Esses números evidenciam a existência de barreiras invisíveis, mas concretas, que limitam a ascensão de mulheres a postos mais altos de decisão, mesmo quando possuem qualificações e competências — fenômeno conhecido como “teto de vidro”.
Benefícios da equidade de gênero para empresas
Equipes diversas trazem múltiplos benefícios para as organizações:
- Inovação: Equipes com diversidade de gênero trazem perspectivas mais ricas e experiências de vida variadas, resultando em soluções mais criativas e eficazes para problemas complexos.
- Performance financeira: A diversidade impulsiona resultados concretos. Empresas com maior equidade de gênero em cargos de liderança têm até 21% mais chances de apresentar lucratividade acima da média (Forbes Brasil, “Mundo Levará 123 Anos para Fechar a Lacuna de Gênero”).
- Reputação: Uma postura genuína em favor da diversidade fortalece a imagem da marca. Organizações comprometidas com a equidade de gênero se tornam mais atraentes para clientes, investidores e parceiros de negócio.
- Atração e retenção de talentos: Profissionais talentosos, especialmente das novas gerações, priorizam ambientes de trabalho justos e inclusivos. A equidade de gênero é, portanto, uma estratégia poderosa para reduzir o turnover e aumentar o engajamento dos colaboradores.
Como promover a igualdade de gênero no trabalho: Passo a passo detalhado
A promoção da equidade de gênero não é apenas uma intenção, é um projeto de transformação cultural e estrutural. Para garantir que as políticas de inclusão sejam eficazes e gerem resultados mensuráveis, as empresas devem seguir um ciclo de ação e medição rigoroso.
1. Diagnóstico inicial e mapeamento de desigualdades
Toda transformação começa com o autoconhecimento. O primeiro passo é realizar um diagnóstico minucioso para mapear a situação atual da equidade de gênero na organização. Isso envolve:
- Auditoria salarial: Identificar e quantificar a disparidade salarial entre gêneros para funções de mesmo nível ou responsabilidade.
- Mapeamento da representatividade: Analisar a proporção de mulheres, homens e pessoas não-binárias em cada nível hierárquico, com foco em cargos de liderança, gestão e áreas técnicas (o chamado "pipeline" de talentos).
- Pesquisas de clima: Coletar dados qualitativos sobre a percepção de equidade, a incidência de vieses e a sensação de segurança psicológica.
2. Plano estratégico de diversidade com metas
Com base nos dados do diagnóstico, a equidade deve ser tratada como qualquer outro objetivo de negócio. É preciso estabelecer um Plano Estratégico de Diversidade com:
- Metas anuais e de longo prazo: Definir objetivos claros e ambiciosos, como "aumentar a representatividade feminina em cargos de diretoria em 15% nos próximos 3 anos".
- Métricas claras: As metas devem ser vinculadas a Indicadores Chave de Desempenho (KPIs) para garantir o monitoramento contínuo e a responsabilização das áreas.
- Alocação de recursos: Garantir que o orçamento e as pessoas certas sejam dedicados à execução do plano.
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3. Treinamentos estruturados sobre viés inconsciente
O viés inconsciente é um dos maiores sabotadores da equidade. Por isso, a empresa deve realizar treinamentos obrigatórios e periódicos sobre o tema. O foco deve ser:
- Liderança: Capacitar gestores para identificar e mitigar vieses em processos de avaliação de desempenho, feedback e promoção.
- Recrutamento: Oferecer ferramentas para que os recrutadores utilizem linguagem neutra nas descrições de vagas e façam avaliações baseadas em competências, e não em percepções subjetivas.
4. Engajamento e exemplo prático da liderança
A transformação só é eficaz se for capitaneada pelo topo. O engajamento ativo de CEOs e C-Levels é crucial para sinalizar o compromisso da empresa. A liderança deve:
- Ser o exemplo: Aplicar as políticas de equidade na própria gestão e ser transparente sobre os desafios e progressos da empresa.
- Ser sponsor: Atuar como sponsor em programas de mentoria, apoiando abertamente o desenvolvimento de grupos minorizados.
5. Monitoramento contínuo e comunicação inclusiva
O ciclo não termina na implementação. É fundamental realizar o monitoramento constante dos indicadores de diversidade e reportar os resultados à alta gestão e a toda a empresa. Além disso:
- Comunicação inclusiva: Utilize linguagem, imagens e exemplos que representem a diversidade em todos os materiais internos e externos, reforçando o compromisso com a equidade.
- Revisão periódica: O plano estratégico deve ser revisado anualmente para adaptar as ações às mudanças do mercado e aos resultados obtidos, garantindo que a equidade seja um processo de melhoria contínua.
Exemplos de equidade de gênero em empresas
A equidade de gênero deixa de ser teoria e se torna um fator de transformação quando traduzida em ações concretas e metas mensuráveis. Abaixo, destacamos exemplos de empresas que estão liderando essa mudança:
Magazine Luiza (Magalu)
O Magazine Luiza se destacou por implementar programas de recrutamento focados em diversidade racial e de gênero em setores historicamente dominados por homens, como a tecnologia.
A empresa focou em promover a inclusão de mulheres em cargos de liderança e áreas técnicas, utilizando metas claras para reverter o cenário de sub-representação e demonstrando que o compromisso com a equidade começa na base do funil de talentos.
Accenture
A Accenture assumiu um compromisso global e público com a equidade, estabelecendo a meta ambiciosa de atingir a paridade de gênero em sua força de trabalho até 2025.
Para alcançar esse objetivo, a empresa implementou uma série de ações concretas, como a transparência nos dados de remuneração e o investimento em programas de sponsorship para acelerar a carreira de mulheres em posições estratégicas
Elife Brasil
A consultoria brasileira Elife Brasil é um excelente exemplo de como a intencionalidade gera resultados mensuráveis. Seu Relatório de Transparência Salarial evidenciou o avanço significativo nas políticas de inclusão:
- Mulheres negras: A representatividade de mulheres negras na empresa cresceu de 11,7% para 17,1%, um dado que demonstra a eficácia das ações de recrutamento e retenção.
- Proporção geral feminina: A proporção geral de colaboradoras aumentou de 61,7% para 67,5%.
Esses resultados reafirmam que políticas internas ativas, combinadas com a transparência na divulgação dos dados, são fundamentais para garantir a manutenção e o crescimento da presença feminina na empresa.
Conclusão
A equidade de gênero no mercado de trabalho não é apenas uma responsabilidade social, é uma estratégia inteligente para empresas que buscam inovação, desempenho superior e reputação sólida.
Adotar práticas inclusivas e justas permite às organizações cumprir seu papel ético e se posicionar como líderes em um mercado cada vez mais competitivo. É o momento de ir além do discurso, iniciar um diagnóstico interno, estabelecer metas claras e implementar ações concretas.
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