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Tecnologia e Inovação

Você já tem o que a IA precisa: pessoas

12 de novembro de 2025
Tempo de leitura: 9 min

Existe uma ideia que muita gente ainda repete: “a tecnologia vai chegar e mudar tudo.” Bonito de dizer, mas errado.

A transformação real, a que gera impacto financeiro, reduz risco operacional, cria novos produtos e muda o jogo em mercados maduro não acontece porque chega um software mágico, um modelo de IA generativo novo ou uma ferramenta open source de clica-e-arrasta para construir chatbots. 

Ela acontece quando quem já conhece o negócio, gente de operação, manutenção, qualidade, logística, agrícola, suprimentos, comercial, ganha conhecimento em tecnologia, com autonomia e voz. Isso tem nome: empoderamento tecnológico.

E a pergunta é: você vai ser protagonista nessa virada que já está acontecendo mundialmente ou vai assistir de fora?

A tecnologia deixou de ser apoio. Virou estratégia

Durante muito tempo, TI era vista (e em muitos casos ainda é) como suporte, um centro de custo. “Abre chamado ali pro pessoal de sistema.” Isso acabou.

Hoje, dados, automação, nuvem e IA não são mais só meios de ganho de eficiência. Eles definem como a empresa compete, cresce e se comunica com o mercado. Olhe para a China, onde a combinação de robótica, IoT e inteligência artificial transformou fábricas em ecossistemas conectados.

O conceito de smart industry deixou de ser promessa e se tornou base competitiva: máquinas autônomas, drones agrícolas, cadeias de suprimentos monitoradas em tempo real. Esses casos têm um padrão: não é só eficiência. É mudança de modelo mental.

E essa mudança só acontece quando negócio, pessoas e tecnologia conversam para tomar decisões rápidas, inteligentes e sustentáveis.

Leia também: Tech Strategy: 4 passos para integrar tech e negócios

Disrupção gradual: você melhora hoje, muda o mercado amanhã

Muitas vezes as palavras disrupção e inovação são erroneamente associadas a destruir tudo o que existe e começar do zero.

Mas no dia a dia das empresas, especialmente as grandes, o que funciona realmente é outro caminho: a disrupção gradual, aquela que começa resolvendo dores dentro do processo e termina mudando a lógica inteira do setor. 

Essa ideia se conecta diretamente com o que os economistas Philippe Aghion, Peter Howitt e Joel Mokyr, ganhadores do Prêmio Nobel de Economia de 2025, chamam de “destruição criativa”. Na visão deles, o crescimento sustentável vem justamente desse ciclo em que novas ideias tornam antigos modelos obsoletos.

É o choque entre o novo e o velho que mantém a economia viva. Sem esse movimento, o mercado estagna.

E aqui está o ponto que muitas vezes se perde, a explosão criativa raramente começa como uma ruptura abrupta. Ela nasce dentro das empresas, em pequenas vitórias: um processo automatizado, uma decisão baseada em dados, um fluxo redesenhado. 

Ou melhor, pessoas que conheciam o processo e se empoderaram tecnologicamente e decidiram automatizar um processo para ganhar tempo e desenvolver outras atividades, ou que começaram a conectar mais dados disponíveis em um DataLake com ferramentas abertas e criando queries mais performativas.

Ou ainda que entenderam que um processo de design é extremamente importante para redesenhar um fluxo do processo de atendimento ao cliente.

Pessoas. Tecnologia. Conhecimento do Negócio

São as inovações incrementais, muitas vezes criadas por quem vive o negócio no dia a dia, que abrem caminho para a grande virada.

Eu vejo isso todos os dias aqui na China. Em grandes empresas ou em restaurantes. Na Ant Group, por exemplo, o lema de todos é “微小而美好的改变” — “mudanças pequenas e bonitas”. 

Cada pequena inovação incremental pode direcionar um novo caminho, uma nova solução, uma nova descoberta. No restaurante do shopping que eu costumo almoçar também.

Uma pequena inovação, uma câmera com IA que identifica o que você escolheu de comida para o seu prato, calcula o valor, e gera o pagamento, sem a necessidade de uma pessoa ali operacionalizando isso, me mostra também que pessoas-tecnologia-negócio, quando são tratados juntos, causam o movimento de inovação. 

A disrupção não acontece apesar das pessoas que conhecem o negócio, ela acontece por causa delas.

Você, que sabe onde o processo trava, onde a operação custa caro, onde o risco é maior do que parece, tem o conhecimento tecnológico adequado e necessário para criar o mínimo produto inovador possível para essa dor. 

Quando esse passo é replicado, documentado e escalado, ele se transforma na próxima onda de explosão criativa. Não começa com uma revolução, começa com uma planilha que virou modelo, um robô que reduziu 8% de paradas de máquina, um time que decidiu pilotar diferente. É a economia de Aghion e Howitt acontecendo dentro da sua empresa.

O valor está em quem entende o processo.

Leia também: Liderança Tech: como CTOs aceleram a transformação digital nas empresas

Como criar uma vantagem gigantesca sobre qualquer nova tecnologia

Existem duas frases que você precisa guardar: IA sozinha não gera valor. IA + contexto de negócio gera vantagem competitiva.

O que isso quer dizer? Que quem entende o “como as coisas funcionam” tem uma vantagem gigantesca sobre qualquer tecnologia nova. 

  • Se você entende o ciclo produtivo, pode usar automação e dados para eliminar gargalos invisíveis.
  • Se você entende a operação logística, pode integrar sensores e IA para rastrear, prever e reagir antes do erro acontecer.
  • Se você entende o cliente, pode usar ferramentas generativas para personalizar atendimento e aumentar conversão. 

É essa tradução entre processo e tecnologia que cria resultados e é isso que o mercado está precisando agora.

Nuvem, IA e dados deixaram de ser luxo corporativo

Há alguns anos, testar IA significava ter orçamento milionário e equipe especializada.

Hoje, o cenário é outro.

  • Plataformas de nuvem democratizaram acesso a poder computacional e modelos de IA.
  • Ferramentas low-code e no-code permitem que profissionais de negócio construam soluções sem depender totalmente da TI.
  • Sensores e dispositivos IoT estão mais baratos e mais integráveis do que nunca.

Estamos vendo a ascensão do BYOS – Bring (Build) Your Own Software. Com ferramentas de IA Generativa e agentes cada vez mais simples de serem usados, estamos levando a tecnologia para outro nível, o nível descentralizado.

O motor é o mesmo: tecnologia acessível + pessoas que entendem o negócio.

A nova liderança digital não é o técnico que sabe tudo de IA. É quem traduz e conecta estes mundos, entende o fluxo de ponta a ponta, fala com TI, fala com operação, fala com cliente e consegue fazer a ponte.

Esse perfil já tem nome em várias empresas: profissional ampliado. Alguém que não apenas executa, mas redesenha o jeito de trabalhar. Para chegar lá, eu considero que três habilidades são essenciais:

1. Leitura de dor real: entender onde está o gargalo, a perda, o risco.

2. Vocabulário digital mínimo: saber o suficiente sobre dados, automação e IA para dialogar e decidir.

3. Capacidade de pilotar pequeno e provar valor rápido: construir protótipos que mostram resultado antes do PowerPoint.

Essas três competências são o ponto de partida para quem quer deixar de “fazer parte da operação” e começar a moldar o futuro dela. A próxima revolução digital não será liderada apenas por quem sabe programar. Será liderada por quem entende o negócio, e aprendeu a falar tecnologia.

É essa combinação que muda resultados, carreiras e culturas. Porque no fim, o que a IA precisa não é de mais dados. É de contexto, propósito e direção.

E isso só quem vive o negócio consegue oferecer. Então, se você é quem segura o processo, quem resolve os problemas invisíveis e quem sabe o que realmente acontece no chão da empresa, você já está mais perto da inovação do que imagina. 

Agora, é hora de se tornar visível. E começar a liderar o próximo ciclo de destruição criativa, de dentro para fora, com tecnologia.

 

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