O papel estratégico do CTO na transformação digital | Koru
A necessidade de transformação digital de uma empresa pode surgir em diferentes contextos: desde quando ela está começando do zero até quando ela já está consolidada, mas precisa resolver novos desafios. Vamos focar neste segundo cenário, que é o mais comum, quando surge uma demanda específica que exige decisões técnicas e estratégicas, e mostrar qual o papel estratégico do CTO para liderar essa transformação.
Caso prático: ferramentas de colaboração
Um exemplo tangível desse tipo de situação é o momento de escolha de tecnologias para colaboração: e-mail, armazenamento em nuvem, reuniões online. Já vi empresas começarem com o Google Workspace — todos gostavam, era ágil, intuitivo e fácil de usar.
Mas o time administrativo e financeiro precisava dos aplicativos da Microsoft (Excel, Word, PowerPoint) instalados localmente. Resultado: a empresa passou a usar Google para todos e Microsoft para alguns.
Com o tempo, mais pessoas quiseram os apps da Microsoft. Se a empresa pode pagar por ambos, ótimo. Se não, é hora de decidir.
Uma boa prática para o setor de tecnologia resolver essa questão é fazer uma pesquisa interna: entender quem realmente precisa dos aplicativos Microsoft e avaliar se é possível manter uma solução híbrida. Se não for viável, e se a cultura da empresa permitir, vale deixar a escolha por Google ou Microsoft nas mãos dos usuários.
Agora, se a cultura não permite esse tipo de decisão coletiva, provavelmente a escolha será guiada pelo menor custo.
Caso mais complexo: uso de IA
Outro exemplo, mais desafiador para o CTO: o momento de implementar soluções de Inteligência Artificial.
Como IA virou hype, muitos querem usar — mesmo sem saber exatamente como ou para quê. O ponto de partida deve ser entender o problema que se quer resolver:
- Reduzir chamados no RH ou TI?
- Criar recomendações de compra personalizadas para clientes?
O primeiro é mais simples, o segundo exige mais sofisticação.
Depois, vem a decisão: desenvolver internamente, contratar ou comprar pronto?
A dica aqui é avaliar se o projeto é estratégico. Se não for, terceirize. Se for, talvez vire até um produto da empresa e aí é preciso estimar investimento em pessoas, tecnologia e tempo.
Não dá para ter certeza de tudo, mas é assim que novos negócios funcionam: com risco calculado.
E em qualquer cenário, nunca esqueça da privacidade e segurança dos dados. A LGPD está aí e precisa ser considerada desde o início.
Leia também: Os desafios do CTOs na era da Inteligência Artificial Generativa
Manutenção: o ponto esquecido
Um ponto que costuma ser esquecido, e que ouvi num evento, é a manutenção.
Para ilustrar, gosto de usar a metáfora da casa com piscina e jardim. Você constrói, inaugura com festa, mas depois precisa cuidar.
Se não cuidar do jardim, vira matagal. Se não tratar a piscina, a água fica verde e vira criadouro, e não de peixinhos dourados.
Com tecnologia é igual: sem manutenção, tudo degrada.
Conclusão
A transformação digital pode ser um divisor de águas para sua empresa. Mas ela exige mais do que boas ferramentas: requer visão estratégica, atenção à cultura, compliance e manutenção constante.
É aí que entra o CTO — com experiência técnica e visão de negócio, ele pode ser o parceiro ideal para conduzir essa jornada.
Seja como advisor, executor ou articulador, o CTO é peça-chave para garantir que a tecnologia realmente gere valor.
Leia também: A evolução do CTO: de guardião da tecnologia a parceiro de negócios