A partir da consciência dos problemas globais, com destaque para as mudanças climáticas e seus efeitos diversos, diferentes esferas da sociedade têm implementado iniciativas para garantir a sobrevivência da humanidade como espécie e de outros seres vivos no planeta Terra.
Nesse contexto em que vivemos, os dados, também chamados de green data, se tornaram um insumo fundamental para a implementação e o monitoramento de práticas nas questões de sustentabilidade.
Nasce, então, a demanda por profissionais que possuam a capacidade de monitoramento, considerada uma das principais green skills, o que definimos como habilidade voltada para sustentabilidade nas atividades econômicas.
É aí que entra o papel dos(as) engenheiros(as) de dados, que poderão atuar em diferentes ambientes com a responsabilidade de transformar dados brutos em um formato que permita a análise e a tomada de decisão nas diferentes esferas da sociedade.
Destacamos a importância do uso de dados em alguns desses ambientes:
Empresas
O uso de dados favorece a produção sustentável
As empresas são cobradas sobre a redução dos seus riscos socioambientais, econômico-financeiros e de governança, e evidenciar o seu desempenho para os seus stakeholders mais relevantes.
Para fornecer essas evidências, dados transparentes e regulamentados são fundamentais para serem compartilhados de maneira sistematizada por meio de padrões globais de comunicação de informações sobre sustentabilidade (ex.: Global Reporting Initiative, Relato Integrado).
Alguns dados de sustentabilidade que podem ser monitorados são aqueles sobre as condições de produção, cadeia de valor, emissões de gases de efeito estufa, ecoeficiência energética, engajamento de colaboradores(as) e comunidade local, entre outros.
Além disso, a evidência de desempenho baseada em dados pode contribuir para a identificação de oportunidades de melhoria nas operações do negócio e para a tomada de decisão estratégica de maneira mais assertiva.
Academia
O uso de dados favorece a validação de hipóteses e a construção de teorias, modelos e métodos aplicáveis
A pesquisa científica é um processo investigativo para compreender micro e macrocontextos, comprovar uma problemática levantada e desenvolver conceitos que possam ser aplicados em determinadas situações-problema. Para isso, são desenvolvidas técnicas de coleta e análise de dados.
Entendendo que a sustentabilidade ganhou força enquanto campo de estudo, a análise de dados científicos se torna crucial para a difusão da informações não só para cientistas, com foco na evolução do conhecimento na área, mas também para consumidores e sociedade em geral, com a intenção de possibilitar mudanças nos estilos de vida com foco no consumo responsável.
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês) é um exemplo de instituição que lida com dados científicos no campo da sustentabilidade. Trata-se de uma organização científico-política, estabelecida conjuntamente pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), em 1988.
No Brasil, os relatórios elaborados periodicamente pelo Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG) nos setores econômicos do país utilizam dados gerados com base nas diretrizes do IPCC.
Governo
O uso de dados favorece o desenvolvimento de políticas públicas baseadas em evidências
O uso de dados na esfera pública possibilita entender o cenário dos países em seus diferentes aspectos — populacional, econômico, social, ambiental, cultural, tecnológico e territorial —, seja no contexto local, regional, nacional ou global.
São esses grupos de dados que servem de base para a elaboração e avaliação de políticas públicas, cujo conceito é definido como um conjunto de programas e ações realizadas pelo Governo (Municipal, Estadual e/ou Federal) para atender demandas da sociedade.
Algumas instituições nacionais possuem o papel de produzir, analisar e disseminar dados estatísticos e indicadores da realidade brasileira.
Um exemplo é o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que, além de ser o principal provedor de informações ligadas às estatísticas sociais, dados demográficos e econômicos, é a instituição responsável pela elaboração e acompanhamento de indicadores brasileiros para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Entendendo que a Engenharia de Dados é a área responsável pela estruturação e manutenção do que chamamos de Pipeline, podemos dizer que o campo da sustentabilidade oferece diversas possibilidades para o uso de dados. Cabendo ao/à profissional identificar qual caminho deseja seguir: acadêmico, político ou empresarial.