É comum nos depararmos com dados sobre inclusão em diferentes recortes: pessoas com deficiências, pessoas LGBTQIA+, pessoas pretas, mulheres, pessoas com mais de 60 anos. O fato é que quando paramos para olhar para essa inclusão, conseguimos perceber que ela ainda está longe do que é ideal
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, apenas 403.255 pessoas com deficiência estão empregadas em trabalhos formais, o que corresponde a menos de 1% dos 45 milhões de pessoas com deficiência no Brasil.
Por outro lado, é possível percebermos avanços dentro da pauta de inclusão. A Organização das Nações Unidas (ONU) definiu como um dos pilares do 4º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que todos os os seres humanos possam realizar seu potencial com dignidade, segurança e igualdade. E já é possível vermos cada vez mais programas de inclusão feitos pelo governo e/ou empresas, como o Programa de Trainee feito pelo Magazine Luiza que é exclusivo para pessoas negras.
Mas por que a cada dia que se passa isso se torna mais importante? Além do compromisso social de dar oportunidades iguais para todas as pessoas e da grande missão de reduzir as desigualdades, temos visto que o poder está cada vez mais na mão dos consumidores. As empresas têm percebido a importância de ter diversidade para conseguir conversar com a diversidade que é o nosso país.
Não dá mais para existir um time homogêneo que é responsável por campanhas de marketing, pois o resultado é uma visão muito parecida entre as pessoas que enfraquece a solidez e profundidade das soluções. Durante a pandemia tivemos um caso envolvendo a empresa Bombril que lançou um produto cujo nome era uma conotação racista que atingiu negativamente a marca. Muito provavelmente não havia diversidade racial dentro do time de marketing que aprovou essa campanha.
Com o avanço do uso de redes sociais, as empresas se tornaram vitrines, a transparência e a visibilidade dos negócios aumenta e as pessoas têm cada vez mais o poder de escolha na mão delas. Já existem pessoas que não consomem produtos de empresas que não possuem diversidade em seus times ou por conhecerem histórias de preconceito ou falta de inclusão.
Um último fator que é provado cientificamente é que diversidade gera inovação. A pesquisadora e professora da Universidade de Columbia, Katherine Phillips, foi uma das responsáveis pelos estudos de relação entre diversidade e inovação.
Seu estudo comprovou que diante do desafio de inova, as equipes que são formadas por pessoas diversas, isto é, diferentes gêneros, raças, orientações sexuais, nacionalidades, regionalidades, formações, entre muitos outros, são as que conseguem trazer mais inovações e soluções sólidas para um determinado problema ou situação.
Já as equipes mais homogêneas, estas são mais velozes em chegar a alguma conclusão, dado que pensam de maneira mais parecida e isso faz com que a comunicação seja muito mais simples, gerando menos profundidade nas discussões e, consequentemente, menos inovação. Ainda de acordo com a professora, a diversidade nos torna mais inteligentes.
Como saber se a minha empresa já é inclusiva?
A inclusão é extremamente importante para o nosso futuro como humanidade e para a sobrevivência das empresas nos próximos anos, como saber se a minha empresa já é inclusiva?
Não existe receita de bolo, mas com certeza existem algumas ações que podem ser feitas para garantir que estamos no caminho certo para a inclusão. O primeiro deles é a coleta de dados. De nada adianta você querer responder à pergunta se sua empresa é inclusiva, sem a utilização de dados para isso.
A importância da realização de um censo demográfico e social é fundamental para entender o panorama atual da empresa e, assim, poder construir um plano de ação assertivo para tornar o ambiente de trabalho cada vez mais diverso e inclusivo, no qual todas as pessoas se sintam respeitadas e prontas para serem autênticas.
Além do censo, que normalmente entende os recortes de diversidade, também é preciso entender mais sobre como se sentem as pessoas que trabalham na sua empresa. Elas se sentem incluídas? Elas têm segurança para expressar sua opinião em todos os momentos? Elas podem ser elas mesmas ou precisam se comportar de uma maneira diferente do que são para serem socialmente aceitas nesse ambiente?
Com todas essas informações, já é possível entender se sua empresa é um local saudável e inclusivo para as pessoas. Além disso, já é possível montar um plano de ação sobre o que vai ser feito para tornar o ambiente ainda mais inclusivo. Nesse momento, reserve um orçamento, papéis e responsabilidades, envolva as pessoas para que elas se sintam parte da solução.
O respeito, a empatia e o entendimento das pautas diversidade e inclusão são culturais, daí a importância de uma jornada de letramento para que todas as pessoas, de fato, aprendam sobre a temática. Não será um treinamento que vai transformar sua empresa em um ambiente inclusivo, mas, sim, uma jornada na qual as pessoas possam discutir e aprender de maneira contínua e com espaço seguro para trocas de experiências.
A revisão dos processos da área de gente é algo fundamental para o avanço da inclusão. O viés inconsciente está presente dentro de todos os processos em que temos que analisar as pessoas (recrutamento, desenvolvimento e carreira), isso porque, normalmente, fazemos essa análise com base em suposições ou conclusões não baseadas em dados. Trazer um modelo cujo processo seja baseado em dados, garante maior inclusão de pessoas.
Por fim, defina metas e métricas para acompanhar a inclusão das pessoas dentro da sua empresa. Você pode não estar em um ambiente 100% inclusivo, mas lembre-se de que é uma jornada e o importante é a evolução diária.
Aqui na Escola Korú, realizamos um trabalho em parceria com empresas para tornar seus ambientes mais inclusivos. Desde a realização de um censo para mapeamento dos dados, criação de metas e objetivos claros, comitê de diversidade e inclusão, até a jornada de letramento para a alta liderança ou para toda a equipe. Entre em contato e saiba mais.