MVP é uma sigla muito utilizada no mundo empreendedor, que vem da expressão em inglês Mininum Viable Product. Por aqui, chamamos de Mínimo Produto Viável e significa desenvolver uma versão de um produto ou serviço de forma mais simples, porém, com entrega de valor para o potencial público consumidor.
Esse conceito ganhou visibilidade por meio da metodologia Lean Startup (Startup Enxuta) e busca um processo iterativo objetivando o aprendizado e o desenvolvimento no caminho certo.
O ciclo de feedback – construir-medir-aprender – é componente central da metodologia Lean. Agora, adivinhe quem faz parte desse ciclo? Ele mesmo: o MVP!
Como afirma Eric Ries, autor do livro “A startup enxuta: Como usar a inovação contínua para criar negócios radicalmente bem-sucedidos” (2019): “o MVP é aquela versão do produto que permite uma volta completa do ciclo construir-medir-aprender, com o mínimo de esforço e o menor tempo de desenvolvimento”.
É por meio da sua construção e divulgação que será possível materializar uma ideia, receber feedbacks e gerar aprendizados, que serão utilizados no aprimoramento da solução.
Por que o MVP é tão utilizado pelas startups?
“Quando esse produto estiver pronto para ser amplamente distribuído, ele já terá clientes estabelecidos.” (Eric Ries)
Esse resultado esperado pela aplicação do Lean é viabilizado pelo desenvolvimento do MVP. E essa é a base de uma startup: resolver uma dor de forma eficiente e com potencial de escala.
Para saber se essa dor está sendo realmente atendida e a proposta de valor está chegando até os clientes, o MVP é aplicado. Nesse momento, é necessário validar o potencial da ideia com baixo investimento, sem perder o timing do mercado.
Um mesmo conceito. Várias opções!
Ainda que o conceito seja o mesmo, nem todo MVP é igual. É mandatória a adequação às necessidades de quem está desenvolvendo o produto ou serviço, seja uma empresa ou um empreendedor.
A escolha está atrelada ao investimento disponível, bem como às intenções do negócio e à amplitude de aplicação. Então vamos conhecer um pouco mais sobre cada um deles:
MVP Fumaça
Foca-se em verificar a taxa de adesão. Não é possível um teste efetivo do produto ou serviço, mas os potenciais clientes podem deixar registrado seu interesse de uso e mais algumas informações – de acordo com formulário disponível – que podem ser aplicadas no desenvolvimento da solução.
A “fumaça” é feita por meio de canais próprios ou canais de alta visibilidade, em que anúncios geram abertura de contato com o potencial público consumidor.
MVP Concierge
Como o nome sugere, a intenção desse MVP é a personalização. O teste é realizado com pequenos grupos, oferecendo soluções personalizadas. Não existe uma automação envolvida e é praticado com intervenção direta; possibilita identificar várias possibilidades antes da materialização do produto ou serviço.
MVP Mágico de Oz
Literalmente como “mágica”, sua necessidade é atendida. É assim que esse MVP funciona: não existe tecnologia operando, mas, sim, pessoas nos bastidores. É possível disponibilizar um site para requisição de um serviço, ou uma interface para uma transação; as ações serão executadas sem automação, porém, entregando valor.
MVP Duplo
Aqui encontramos a aplicação do conceito do famoso teste A/B: duas versões de uma mesma solução são ofertadas de forma simultânea, e verifica-se qual tem maior aceitação. Dessa forma, é possível mensurar experiência, performance, estabelecer comparativos e extrair o melhor de cada um. Pela complexidade, exige um alto investimento.
MVP Piecemeal
Nesse formato de MVP, o valor é entregue por meio de plataformas já existentes no mercado, preferencialmente gratuitas. Assim, é possível proporcionar a experimentação sem investimento de desenvolvimento.
MVP Protótipo
Muito popular, o protótipo é um exemplar funcional do produto ou serviço. Sua distribuição para um público selecionado permite interatividade, avaliação e feedbacks. Assim como o MVP Duplo, exige um investimento mais alto.
E será que isso funciona mesmo?
Nada melhor do que informações para responder a essa pergunta!
O AirBnB, gigante do segmento de serviço de viagens que veio para revolucionar o mercado de hospedagens, teve um MVP Concierge: os seus idealizadores utilizaram o próprio apartamento para testar o modelo de divulgação e hospedagem das pessoas, com compartilhamento de espaços.
O DropBox, serviço de armazenamento em nuvem, fez um MVP em vídeo para demonstrar as vantagens que teria na solução – resolvendo problemas de outros serviços existentes. Com essa finalidade, foi elaborado um vídeo demonstrativo. Com ele, o número de interessados cresceu exponencialmente, validando a ideia dos criadores. Esse exemplo de MVP foi tão significativo que ganhou um espaço no Lean Startup.
Eric Reis assim descreve a respeito: “Eles (os criadores) acreditavam – com razão, revelou-se – que a sincronização de arquivos era um problema que a maioria das pessoas não sabia que tinha. Assim que você vivencia a solução, não é capaz de imaginar como conseguiu viver sem isso até então”. Validação feita com sucesso!
A Easy Táxi – vendida em 2017 por 1 bilhão de reais – surgiu como uma forma de agilizar a mobilidade urbana por transporte particular. O MVP foi executado com intervenção humana: as pessoas registravam por um formulário em um blog a necessidade de transporte e todo o restante era feito pelo próprio idealizador Tallis Gomes:
“Ao aplicar a informação na página, eu as recebia imediatamente por e-mail, eu jogava a localização dele no Google Maps, selecionava a (extinta) opção ‘Pontos de Táxi ao redor’, ligava para o ponto mais próximo, solicitava o Táxi para o passageiro e ligava para o passageiro avisando o carro, a placa e a estimativa de espera”.
E depois de tantos exemplos, o que podemos concluir?
Seja por meio de formulários, de interações manuais, de simulações ou de construções muito próximas do formato final do produto ou serviço, o MVP consegue cumprir o seu papel: resgatar percepções e colher feedbacks para o desenvolvimento de uma solução aderente ao mercado.
Se você acompanha o movimento de transformação digital, tem interesse em tirar ideias do papel e se juntar ao crescente número de empreendedores de nosso país, chegou a hora de pensar no seu MVP.
Altaf, Yasin. Four Main Types Of Minimum Viable Products And How They Can Help Software Startups. Disponível em: https://www.forbes.com/sites/forbestechcouncil/2022/07/08/four-main-types-of-minimum-viable-products-and-how-they-can-help-software-startups/. Acesso em 20 nov 2022.
FIA. MVP: o que é, tipos, vantagens e como fazer para o seu produto.
Disponível em: https://fia.com.br/blog/mvp/. Acesso em 20 nov 2022.