Escola Korú

Liderança em startups: dicas para ser um(a) bom/boa líder

Aprender sem sofrer: O contexto faz toda a diferença

A maior parte da minha carreira passei dentro de uma multinacional onde o item de maior destaque na sua cultura organizacional era o tal do “sonho grande”. 

Este tema já quis dizer várias coisas ao longo da trajetória desta empresa e foi sendo adaptado conforme as coisas evoluíam e o negócio crescia. 

A explicação mais clara para o “sonho grande” era a de que sonhar coisas, um sonho gigantesco dá o mesmo trabalho de sonhar com algo pequeno, então, não havia motivo para pensar de outra maneira. 

Pessoalmente, tendo a concordar com essa lógica, mas parto do princípio que as condições para conquistar algo precisam estar postas na mesa ou, certamente, resulta na frustração ou na sensação de incompetência. 

O que quero dizer com isso é que os sonhos que temos precisam ser de um tamanho grande o suficiente para serem desafiadores, por outro lado, nem tão grandes a ponto de simplesmente não serem algo que motive.

Cotidianamente temos que balancear isso na Korú. Eu me lembro que há cerca de um ano, resolvemos fazer um lançamento em Campinas da nossa primeira turma. 

Tínhamos influenciadores convidados, uma mesa grande num bar bacana reservada, estávamos vestidos com a camiseta da escola e eis que um total de zero pessoas apareceu. Ninguém. Dava para sentir no ar o clima de incompetência, falha e frustração. 

Naquele momento, resolvi juntar as pessoas de canto e falar uma coisa que nos seguiu dali em diante: 

“Toda vez que fizermos alguma coisa, vamos fazer para uma pessoa como faríamos para milhares. Mesma energia, mesmo cuidado e mesma disposição. 

Se não aparecer ninguém, a gente vai rir disso, curtir o momento, celebrar entre nós e entender o que a gente precisa fazer pra na próxima ser um pouco melhor.”

Sei que o clima de desolação passou e o que era para ser uma sessão com alunos da Korú virou um happy hour com o time, que acabou se conhecendo melhor, se conectando e celebrando um pouquinho da vida. 

Dali em diante, incorporamos um aspecto na nossa forma de tocar as coisas, que foi uma espécie de força que nos acompanha desde então.

Posso dizer que situações como essas acontecem quase que semanalmente. A grande maioria das iniciativas, quando começa, tem uma adesão baixíssima. Fato é que este virou um item importante da nossa cultura: fazer as coisas nos deixa sempre mais perto do sonho que temos. Não importa se para uma pessoa ou para mil. A gente faz sem sofrer e, depois, sentamos para aprender e evoluir com o que aconteceu.

Volto então ao tema sonho: de que adianta, numa startup, sonhar em conquistar o mundo se, por vezes, a dificuldade está em conseguir o primeiro cliente ou a primeira oportunidade de contar aquilo que você se propõe a fazer?

Uma técnica que tem funcionado bem é sonhar com o que queremos para o ano e depois fatiar isso em compromissos trimestrais. Primeiro que um ano na vida de uma startup é uma eternidade e, segundo, que esses recortes menores aproximam os objetivos maiores do dia a dia de cada pessoa e cada área. São formas de materializar o sonho.

O que se percebe em nosso ambiente é que, operando nesse horizonte curto de tempo, conseguimos observar uma evolução muito grande trimestralmente. 

Os números melhoram coisa de 50% a cada vez que paramos para consolidar os resultados, eu atribuo esta evolução justamente ao fato de que esses mesmos trimestres são nossos ciclos de revisão e aprendizado.  

Usamos o momento de definir os próximos objetivos justamente no mesmo momento em que paramos para analisar o que aconteceu para trás. Tem gente que chama isso de OKRs, eu chamo isso de “ciclos de aprendizado”.

Uma coisa que acho que vou lembrar com orgulho para sempre é que  a cultura da Korú foi escrita antes mesmo dela ter seus cursos e ofertas definidas e ela é composta de seis itens, sendo um deles a “adaptabilidade”: As carreiras e as vidas das pessoas estão em constante metamorfose e a nossa escola também!

Isto quer dizer que não temos problema algum em ajustar algo ou corrigir uma rota. Ego, vaidade e medo são coisas que não fazem parte da nossa cultura. Sabe aquela letra bonita que diz “levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima!”. 

Na prática, ela é sobre aprendizado e sobre como lidar com os problemas. A única coisa que faz um time reagir bem ou mal frente a uma dificuldade é o contexto que foi construído ali.

Se tem uma dica de liderança que posso dar para os empreendedores é que se construa uma cultura desde sempre e que seja despendida muita energia em comunicação e em construção de contexto. Os recursos são escassos e a empresa em estágio inicial é muito frágil, portanto é necessário que a direção esteja muito clara para todos.

Nesse estágio inicial, startup nenhuma tem um sistema de gestão hiper robusto que garante que todos os processos corram na direção certa. A única coisa que garante que as pessoas vão tomar o rumo correto é a construção de um contexto e de uma cultura forte. 

As decisões serão tomadas com base no que aproxima ou do que afasta o negócio do cenário que foi desenhado. Dedique seu tempo a construir esse cenário.

Parte de como fazemos isso é que temos duas agendas superimportantes para nós. A primeira são as nossas reuniões semanais. 

Nelas damos um giro mensal em todas as áreas, uma por semana, e todos os líderes das demais estão presentes para ver para onde as coisas estão indo e já usam a oportunidade para calibrar sua atuação ou alinhar as outras áreas nos ajustes que forem necessários. 

A segunda agenda é que temos dois encontros anuais com todo o time. Operamos de maneira remota desde o dia um e não adianta achar que as pessoas vão se conectar sem nunca se olharem sem o filtro de uma tela de computador. 

Ninguém aplaude de verdade só usando emojis, ninguém se gosta de verdade sem a oportunidade de se abraçar. 

Isto nos leva a um segundo ponto da cultura da Korú que é a “conexão”: aprendizado se dá em rede e a rede cresce junto. Organizações, pessoas e comunidades estarão sempre convivendo conosco e nos ensinando a contribuir cada vez mais. 

Vamos dedicar nosso tempo a nos conectar. Primeiramente, como nos exemplos que dei, internamente, ademais, temos uma estrutura dedicada a manter a rede de ongs, professores, alunos e empresas sempre em contato conosco. 

Há também eventos e agendas permanentes como todos estes públicos, porque isso traz aprendizado, resiliência e adaptabilidade para dentro do nosso negócio.

E é desta forma que construímos nosso sonho grande. Ano a ano, trimestre a trimestre e conectados com nossa rede para que, cada vez mais, estejamos cientes do que acontece ao nosso redor para refletir internamente na direção que tomamos e nos planos que escrevemos.

Se tem uma coisa que define a Korú e que nunca vai ser perder é nossa capacidade de aprender. 

A gente quer ser sempre assim! Espero que cada vez tomando menos tombos, sacudindo menos poeira e dando menos voltas por cima, porque, no fundo, pretendemos acertar numa taxa cada vez maior e sonhar sonhos cada vez maiores, de pessoa em pessoa até chegarmos aos milhares e, na hora certa, aos milhões.

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