O que são ações afirmativas?
Ações afirmativas são políticas públicas e privadas direcionadas a grupos que sofrem discriminações de todos os tipos, visando à inclusão socioeconômica das pessoas privadas de seus direitos, de modo a garantir sua cidadania, igualdade de oportunidades e tratamento, a fim de ampliar ações de inclusão social.
Ao longo da história há inúmeros registros da desigualdade social – uma história rica em dados e pobre em humanidade – em que, principalmente, negros, pardos, índios, mulheres e portadores de deficiência sofrem as consequências da marginalização social.
Os indicadores sociais apontam (ou escancaram) a necessidade de concretizar o princípio constitucional da igualdade e de neutralizar a discriminação racial, de gênero, de idade, de origem, de constituição física e qualquer outra diferença entre as pessoas.
Os dados da desigualdade social publicados em 11/11/2022 pelo IBGE mostram os grandes níveis de vulnerabilidade entre 2020 e 2021:
- “Em 2021, considerando-se a linha de pobreza monetária proposta pelo Banco Mundial, a proporção de pessoas pobres no país era de 18,6% entre os brancos e praticamente o dobro entre os pretos (34,5%) e entre os pardos (38,4%).
- Em 2021, a taxa de desocupação foi de 11,3% para a população branca, 16,5% para a preta e 16,2% para a parda. Já as taxas de subutilização destas populações foram, respectivamente, 22,5%, 32,0% e 33,4%.
- Em 2021, a taxa de informalidade da população ocupada era 40,1%, sendo 32,7% para os brancos, 43,4% para os pretos e 47,0% para os pardos.
- O rendimento médio dos trabalhadores brancos (R$3.099) superou muito o de pretos (R$1.764) e pardos (R$1.814) em 2021.
- Mais da metade (53,8%) dos trabalhadores do país em 2021 eram pretos ou pardos, mas esses grupos, somados, ocupavam apenas 29,5% dos cargos gerenciais, enquanto os brancos ocupavam 69,0% deles.
- Pretos e pardos enfrentam maior insegurança de posse da moradia: 20,8% das pessoas pardas e 19,7% das pessoas pretas residentes em domicílios próprios não tinham documentação da propriedade, enquanto a proporção entre as pessoas brancas era praticamente a metade (10,1%).
- Segundo o Censo Agro 2017, entre os proprietários de grandes estabelecimentos agropecuários (com mais de 10 mil hectares), 79,1% eram brancos, enquanto apenas 17,4% eram pardos e 1,6% eram pretos.
- Em 2020, houve 49,9 mil homicídios no país, ou 23,6 mortes por 100 mil habitantes. Entre as pessoas brancas, a taxa foi de 11,5 mortes por 100 mil habitantes. Entre as pessoas pardas, a taxa foi de 34,1 mortes por 100 mil habitantes e, entre as pessoas pretas, foi de 21,9 mortes por 100 mil habitantes.
- Nas áreas de graduação presencial com maior número de matrículas em 2020, as maiores proporções de pretos e pardos estavam em pedagogia (11,6% de pretos e 36,2% de pardos) e enfermagem (8,5% de pretos e 35,2% de pardos). Já o curso de medicina tinha apenas 3,2% de matriculados pretos e 21,8% de pardos.”
Espera-se que por meio das ações afirmativas seja possível subtrair ao máximo a desigualdade social, que é histórica. Embora o ideal seja acabar com ela.
Quais são as vantagens para a promoção de ações afirmativas nas empresas para a inclusão de minorias?
As ações afirmativas reforçam a cultura organizacional, uma vez que a equidade torna o ambiente de trabalho um local plural, de respeito inclusivo.
Às empresas cabe olhar para dentro de suas instalações, suas políticas e cultura internas, seu quadro funcional, sua missão, visão e valores e reavaliar a sua estrutura.
Identificar quantas pessoas que geralmente fazem parte desse grupo tão discriminado fazem parte do seu quadro de funcionários e em que posições, que cargos ou funções importantes e de confiança ocupam.
Como tem sido a política de contratação do seu departamento de Recursos Humanos? O pessoal de RH tem seguido qual critério – da empresa ou opinião pessoal, ou tem balizado as contratações e desenvolvimento por seus vieses inconscientes?
Será que as lideranças sabem o que são esses vieses? Até que ponto entende que eles são preconceitos, estereótipos e pensamentos que induzem a decisões tendenciosas?
Até que ponto a empresa entende que algo precisa ser reestruturado? Que é necessário rever e lapidar, ampliar, reciclar as soft skills de quem contrata e de quem lidera equipes.
Quando uma empresa entende todo esse cenário socioeconômico e cultural e cria ações educativas fomentando a consciência sobre a importância de ser inclusivo, ela tende a ser uma empresa diferenciada no cenário mercadológico atual, no sentido de se destacar em relação à concorrência
Essas ações educativas são importantes para identificar, esclarecer e eliminar vieses inconscientes, que são muito prejudiciais, embora nem sempre sejam praticados intencionalmente, mas é uma condição que não pode estar nem oculta e no inconsciente de quem toma decisões e entre quem compartilhar o mesmo espaço.
A empresa deve adotar processos de seleção inclusivos, dar oportunidades para que se construam caminhos representativos, valorizando o ser humano, suas competências, suas habilidades. A equidade deve ser um processo contínuo.
Leia sobre: O quanto sua empresa é inclusiva?
Quais as vantagens?
Há várias vantagens, aliás só temos vantagens em implantar ações afirmativas, a começar do combate à desigualdade estrutural, aumentando o nível de equidade na organização:
- Abertura de oportunidades com a aceleração do processo de inclusão.
- Reconhecimento de valores humanos – conhecimento, competências e habilidades.
- Oportunidade para aprender que todos têm importância no cenário socioeconômico.
- Fomentar uma sociedade mais justa.
- Resultados financeiros melhores.
- Ampliação das chances de atrair e reter talentos e ter uma equipe de alta performance, com habilidades antes ignoradas.
- Melhoria na comunicação interna e com o mercado, com a possibilidade de atrair diferentes públicos e aumentar a rentabilidade.
- Ultrapassar a concorrência.
- Humanizar-se e futurar-se – preparando-se para abraçar as tendências do futuro disruptivo, porque “os holofotes do futuro estão sobre as pessoas”.
A empresa McKinsey realizou uma pesquisa que apontou que entre 25% das empresas inclusivas, 12% delas apresentaram maiores chances de superar a concorrência do mercado em que atuam.
Oferecer oportunidades a profissionais minorizados é uma atitude que respeita a Lei nº 12.288, de 20 de julho de 2010 – Estatuto da Igualdade Racial, que não é uma legislação tão conhecida e divulgada.
O fato é que muitas empresas estão começando tardiamente, mas antes tarde do que nunca!
Empresas que já abriram as portas para ações afirmativas, entendem que é essencial implementar programas de Inclusão que envolvam todos os aspectos essenciais em benefício de todas as pessoas, sem distinção.
Clique aqui para saber: O porquê de ser necessário afirmar o óbvio.
Concluindo
Em 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos traçou um paralelo entre liberdade e igualdade – declarando que: Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.
Ao longo de 30 artigos, a Declaração é a voz de todos os seres humanos sobre a Terra, que infelizmente não é acatada por muita gente, ainda.
Os indicadores refletem a real falta de compreensão sobre a importância de adotar ações afirmativas. Promover ações afirmativas é essencial em todos os ambientes do universo corporativo, para cada vez mais subtrair a força da exclusão histórica.
É importante compor uma equipe diversa, focada em talentos humanos, competências e habilidades humanas, profissionais, pois é o que garante o crescimento da empresa, sua força de trabalho e sua manutenção no universo corporativo.
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